quinta-feira, agosto 10, 2006

Com a mão na taça

Copa Libertadores da América
São Paulo 1 x 2 Internacional

Quando Rafael Sobis entortou Fabão e fuzilou Rogério Ceni, o Internacional começava a pôr uma das mãos na bela taça da Libertadores. Mas isso foi aos oito minutos do segundo tempo. Desde a etapa inicial já estava escrito o destino da partida.
Aos nove minutos, Josué disputa bola com Sobis e exagera no movimento do cotovelo. Acaba sendo expulso por Jorge Larrionda. Não poderia haver melhor início para o colorado. Coube ao Inter se impor em campo, o que aconteceu. No entanto, em termos de chance de gol, houve apenas uma. Aos 17 minutos, Edinho, com um tapa genial na bola, deixou Jorge Wagner pifado, à frente de Ceni. Mas o ala colorado carimbou o goleiro. O São Paulo, com o meio-de-campo perdido, começou a fazer ligação direta. Em uma delas, Ricardo Oliveira, aos 24 minutos, pôs Leandro em condições de marcar, mas a zaga o bloqueou. No final do primeiro tempo, a torcida são-paulina viu suas esperanças aumentarem: Fabinho agride Souza e é expulso. Tudo igual. No placar, 0 a 0. Em número de jogadores, 10 a 10.

Mas, na volta do intervalo, nem parecia. O Inter aumentou a intensidade da marcação sob pressão e melhorou ainda mais. E de novo Edinho deixou um companheiro na cara do gol. Mas dessa vez Sobis não repetiu Wagner: Inter 1 a 0, com direito a Fabão atordoado, provavelmente indo, nesta quinta, a um médico, consertar a coluna entortada pelos dribles do atacante colorado. E o time de Abel prosseguiu em cima do adversário. Mais um gol? Parece até devaneio, mas aconteceu. E o raio caiu no mesmo lugar, pela segunda vez. Sobis, o homem-gol, o atacante das decisões. No lugar certo, pegou rebote oriundo do travessão de Ceni e escorou para o gol vazio. A torcida colorada se encheu de alegria e a são-paulina, em uma natural reação, murchou. O raio cairia pela terceira oportunidade, porém Sobis isolou o gol peremptório, de frente para o gol, sozinho, sozinho, após rebote da confusa zaga adversária.
No embalo, na raça, na pressão como mandante, finalmente o São Paulo foi para cima. Abusando das jogadas de flanco e cavando boas faltas nas imediações da grande área. Num dos muitos cruzamentos, Leandro encontrou Edcarlos. O zagueiro torneou bonito, no ângulo. 2 a 1.
O gol foi aos 30, faltavam quinze. E o Inter conseguiu se segurar. As alterações de Abel (Wellington no lugar de Ceará; Michel na vaga de Sobis; Índio substituindo Alex) retraíram o time e chamaram o São Paulo. No entanto, Clemer, sempre seguro e eficiente, garantiu a vitória.
O jogo terminou e o Brasil só tinha olhos para os cinco mil colorados espremidos em um canto do Morumbi. Esses sim, também protagonistas desse 09 de agosto histórico para o Internacional. Dentro de campo, pouca comemoração e muito comedimento: faltam noventa minutos ainda.
Mas os raios de 1980 e de 1989 não cairão novamente. Esses dois momentos, após a próxima quarta, poderão ser apenas cometas, daqueles que despencam de vez em quando do céu. E que todos esquecem.
Dia 16 o Beira-Rio será pequeno. Uma das mãos já roçou o troféu. Cinquenta mil colorados, ou seja, 100 mil mãos aplaudindo o Internacional. Vai ser difícil de o São Paulo surrupiar a taça. Ela foi muito bem tratada esta noite pelo bom futebol dos pés colorados.
Ficará em boas mãos.

Primeira partida da final da Copa Libertadores da América 2006

São Paulo (1) : Rogério Ceni; Fabão; Lugano e Edcarlos(Aloísio); Souza, Josué, Mineiro e Danilo(Lenílson) e Júnior; Leandro(Richarlyson) e Ricardo Oliveira.
Técnico: Muricy Ramalho.

Internacional (2) : Clemer; Ceará(Wellington Monteiro), Fabiano Eller, Bolívar e Jorge Wágner; Fabinho, Edinho, Tinga e Alex(Índio); Fernandão e Rafael Sobis(Michel).
Técnico: Abel Braga.

Arbitragem: Jorge Larrionda, auxiliado por Pablo Fandiño e Walter Rial (trio uruguaio).

Gols: Rafael Sobis, aos oito e aos 16 minutos do segundo tempo, para o Internacional. Edcarlos, aos 30 minutos do segundo tempo, para o São Paulo.

Cartões Amarelos: Souza e Fabão, para o São Paulo.

Cartões Vermelhos: Josué, para o São Paulo; Fabinho, para o Internacional.

Público e renda: 71.745 pagantes e R$ 3.382.655,00

Local: estádio Morumbi, em São Paulo.

1 Comments:

At 1:28 AM, Blogger Storm said...

Inter venceu - acertei meu palpite - cuidado colorados


Conforme consta no meu post anterior, acertei o vencedor e o placar. Está indo tudo muito bem para o meu Cruzeirão.
Uma das vantagens de não se ter um interesse que afete diretamente nosso envolvimento emocional num jogo é a possibilidade de analisar a partida com bastante razão. Melhor analisar em tópicos bem separados:
1 - O juiz prejudicou demais o Inter. Muitas faltas, se não todas, contra o Inter eram marcadas e contra o São Paulo não eram marcadas. Isso acabou em sobrecarga para o sistema defensivo gaúcho. Essa proximidade de vocês com o Uruguai pode facilitar a contratação do juiz uruguaio e por conseguinte ele pode ter trazido para esse jogo algumas picuinhas já cultivadas em partidas anteriores com seus jogadores. Isso poderá até explicar mas o Internacional foi prejudicado. Já vi uma situação parecida com essa quando o Cruzeiro teve a infeliz idéia de contratar o Felipão. Nas vezes que o Carlos Simon apitou jogos do Cruzeiro com o tal incompetente treinador do nosso lado, ela tomava decisões em cima de velhas querelas paroquiais. Por que eu, um cruzeirense, acho o Felipão incompetente? É só ver o título nacional que perdeu para o Vasco. Ah, e comemorar um empate no Mineirão com o Malutron e ainda chamar a nossa torcida de ignorante, hum ....
2 - Apesar do desgaste físico na equipe rio-grandense, ampliado pela arbitragem de critérios esquisitos, ficou patente que o São Paulo tem um execelente condicionamento físico. O condicionamento colorado é inferior. Assim, na segunda partida é melhor vocês jogarem sem aquele desespero de ir pra cima dos paulistas. Poupem energia. O papel da torcida será muito importante em não ficar vaiando a equipe quando ela estiver cadenciando o jogo.
3 - Eu assistí ao jogo pela Globo (canal aberto). O narrador da Sportv (aqui em Belo Horizonte é canal 39) é, digamos, bem pior do que o Kleber Machado que estava no canal aberto. E eu até acho o Kleber um cara bem preparado. Como certamente a narração pra vocês aí no Rio Grande, o Kleber e o Casagrande ficaram inteiramente à vontade pra atender ao mercado (paulista principalmente). Gente, mas os coitados torceram contra vocês. O jogo ainda estava dois a zero pra nós (espero que vocês me permitam utilizar o nós) e o Kleber usou uma frase que não conseguirei reproduzí-la na íntegra mas a idéia foi: - está 2 a 0 mas o São Paulo está bem demais. E também se o Inter vencer aqui o SP também pode vencer lá. E como o Casagrande também tem um papel mercadológico definido pela Globo, nas poucas vezes que eles o deixaram falar ficou consolando a torcida do São Paulo, repetindo esse negócio de que lá o resultado poderá se inverter (não estou dizendo que está errado viu dona Globo. Sei que vocês não estão no negócio pra fazer caridade). Gauchada colorada, recebam esses dois aí na próxima quarta-feira com civilidade. Eles ganham pra fazer isso, tadinhos.
4 - A distância entre Belo Horizonte e o Rio Grande nos impede de acompanhar daqui, com profundidade, a qualidade da equipe do Inter. Baseado no jogo de hoje vocês vão me desculpar mas o Tinga é ruim demais. Ele perdeu todas as bolas dos nossos contra-ataques. Sei que ele andou contundido; pode ser a causa de uma atuação tão horrorosa. Façam uma pressão no Abel pra ele arrumar outro. E cuidade com a joga pela direita do SP. Eles só têm feito gols com essa jogada.
5 - O Muricy (por que esse Y?) tá danado. Vocês ligados ao Inter até nutrem uma simpatia por ele. Parece que ele fez um bom trabalho aí no Beira-Rio. Ainda mais com a imprensa paulista que fica falando o tempo todo que foi ele o arquiteto do time de vocês. E o pior é ví uma entrevista do Abel dando corda nesse negócio. Aqui nas Minas Gerais ele nunca trabalhou. Talvez até seja um cara bem legal. O problema é que eu acho que ele fica o tempo todo representando o papel de falso humilde. Fala daquele jeitinho meio caipira ignorante do interior, praticamente não sabe usar o plural . E aquele negócio que ele fica mastigando, igual a um bode, o tempo todo. Pô, que negócio nojento. Também ele aprendeu rapidinho com o Felipão aquele negócio de ficar dirigindo o time dando faniquitos e fricotes pra que a televisão mostre. Vou repetir um comentário já feito em outro post: efetivamente quem inventou esse troço de dar faniquito ou fricote na beira do campo, foi o Bernardinho do volei.
6 - Colorados, o escudo do Inter que usei pra decorar meus posts é muito pequeno porque só achei esse no Google.

 

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